segunda-feira, 13 de julho de 2009

Avançando na prática IV

Para dar sequência ao trabalho sobre cordel e festa junina, ambos oriundos da cultura do nordeste brasileiro, resolvi trabalhar com a turma o texto Baião, constante na página 42 do TP4. Inicialmente realizamos a leitura do texto. Percebi que os alunos ficaram curiosos quanto ao ritmo da música, pois na leitura, alguns deles procuravam dar a ele uma melodia. Em seguida, ouvimos a música que levei para sala de aula e convidei os alunos a acompanhar; os menos tímidos ensaiavam uns passos que, se não era baião, combinavam pefeitamente com o ritmo da música. Depois disso, foi feito um estudo do texto, extrapolando as atividades sugeridas nas páginas 43 e 44.
Depois da correção e dos comentários, incentivei-os a estabelecer uma relação com outras danças e ritmos que conhecem e que manifestam dierentes culturas e grupos sociais. Surgiram muitas ideias e, então, dividi a turma em grupos de 3 ou 4 estudantes. Cada grupo ficou responsável por um ritmo diferente: samba, rosck, sertanejo universitário, gauchesca, bandinha, funck, hip hop, gospel e mpb, sendo que esta última ficou, como eu já havia previsto, sem grupo. Pedi que trouxessem material sobre esse gênero munsical para a próxima aula e a letra de uma das músicas, por escrito.
Receosa de que os grupos não se organizassem com o material, providenciei algumas coisas, sobretudo sobre mpb, para levar para a sala de aula. Posso dizer, contudo, que fui surpreendida pelos grupos; ao entrar na sala, verifiquei que os alunos estavam organizados com o material, cds e letras. Havia uma certa algazarra na sala, os grupos estavam cantando as letras, um grupo queria ver o que o outro trouxe e eu levei alguns minutos para acalmá-los. Depois de tudo organizado, expliquei a eles como seria a dinâmica do trabalho. Dei um tempo para que um representante de cada grupo fosse até a secretaria providenciar um xerox por grupo das letras trazidas. Depois, cada grupo recebeu um roteiro de análise, que deveria ser aplicado à música escolhida, com questões que permitiam aos alunos expressar a razão pela qual optaram por essa música, a análise de sua letra e de seu ritmo e até mesmo a sua representação, por meio de um cartaz. A seguir, cada grupo deveria apresentar sua música a turma, por meio de mímica, encenação ou dança, socializando, também, as questões do já mencionado roteiro de análise. As três aulas passaram muito depressa e não foi possível apresentar nenhum dos trabalhos.
Na quarta-feira tivemos duas aulas e pedi que eles se organizassem em círculo. Precisei dar 15 minutos para que os grupos fianlizassem suas apresentações. Então, cada equipe passou a apresentar seu trabalho e confesso que fiquei muito satisfeita com o resultado. Os alunos envolveram-se na atividade, assitiram as outras apresentações sem que eu precisasse chamar a atenção, foi uma aula muito agradável, tanto para mim quanto para a turma. No final, procurei sistematizar com eles o que foi visto até ali. Enfatizei o fato de que a música, assim como o cordel, é um gênero de texto e os incentivei a refletir sobre o fato de que elas, narrativas ou não, representam determinados grupos e culturas, daí as diferenças observadas em suas letras e ritmos. Além do que, a diversidade de estilos trazidos para a sala, permitiu o questionamento de alguns preconceitos demonstrados por alguns alunos quanto a determinados gêneros musicais.
Por fim, colamos os cartazes pela escola, a fim de que os demais alunos tivessem acesso ao trabalho realizado por eles.

Avançando na prática III

Aproveitando que a época é de Festa Junina na escola e que grande parte da turma está envolvida em ensaios de quadrilhas, optei por trabalhar o avançando na prática da página 41 do TP4. Para tanto, trabalhei com a turma o texto Festas Juninas, da página 35. A atividade foi muito interessante em função do contexto; os alunos estavam envolvidos com esse tema e foi possível trabalhar com eles a origem dessa festa, bem como as diferenças entre as festas juninas tradicionais e as que realizamos aqui no Rio Grande do Sul. Para finalizar o trabalho com o texto, foi solicitado que os alunos produzissem um convite para a festa da escola, que deveria se realizar na próxima semana. Alguns convites foram muito criativos, de forma que resolvemos distribuí-los no comércio da cidade, para divulgar a festa. Na semana seguinte fomos surpreendidos com o adiamento da festa, em função de suspeita da Gripe A, na cidade (o que não se confirmou). Aproveitei a situação para criar, com os alunos, um texto informativo para esclarecer à comunidade as causas do cancelamento da festa. Essa atividade foi muito significativa para a turma, pelo fato de vir ao encontro da situação que estavam vivenciando, naquele momento.

Avançando na prática II

A segunda atividade que planejei aplicar em sala de aula foi o avançando na prática da página 84 (TP3), sobre o gênero do cordel. Antecedeu esta atividade o trabalho iniciado na seção 3, sobre o referido tema. Inicialmente promovi a leitura do texto Justiça do trabalho - Uma justiça popular, de Antonio Viana, presente na página 78 do TP3. A partir da leitura e análise deste texto, foram apontadas algumas características deste gênero, bem como sua proximidade com a poesia. Os alunos demosntraram interesse pelo cordel, especialmente em função das rimas e da sonoridade inerentes ao gênero.
Na aula seguinte, me programei para realizar o avançando na prática, mas fui surpreedinda por uma situação que me levou a uma reconfiguração de planejamento. Enquanto realizávamos o horário de leitura (15 minutos após o recreio a escola toda realiza 15 minutos de leitura), um dos alunos me disse: "Olha profe...achei um livro de cordel!". Fui verificar e percebi que de fato, tratava-se de um cordel, "O flautista misterioso e os ratos de Hamelin". Houve um alvoroço na turma, os alunos largaram seus livros e todos queriam ver o livro que o aluno havia pego. Então, pedi que fizessem um círculo e sugeri que lêssemos o livro coletivamente. Na primeira rodada de leitura, os mais tímidos não quiseram ler e não os obriguei a isso. Porém à medida que a leitura ia avançando, outros alunos quiseram participar, pude perceber que a sonoridade do cordel os envolveu e, no final, apenas dois alunos deixaram de participar da roda de leitura, apesar de terem permanecido atentos à leitura dos colegas.
Os alunos adoraram a história e resolvi substituir o texto "As classes corajosas: Vaqueiro, agricultor, soldado e pescador", do avançando na prática, pelo texto que haviamos lido. Sendo assim, realizamos a análise do texto, chamando a atenção para o fato de que se trata de um texto narrativo, no qual é possível encontrar todos os elementos formadores desta tipologia, já trabalhada anteriormente com a turma. No final do livro, havia um breve histórico do cordel, do qual fiz cópias e distribui para a turma.
Os alunos quiseram saber o que era xilugravura , usada nas capas deste gênero de texto e então, os orientei para que falassem com a professora de artes, que entraria na turma no outro dia. No intervalo, conversei com a professora e alinhavamos uma atividade interdisciplinar. Os alunos criariam um cordel e fariam na aula de artes a capa para o mesmo.
Na aula seguinte, os alunos trataram de me explicar em que consistia a xilugravura e contaram-me sobre a possibilidade de criar a capa do cordel na aula de artes. Neste mesmo dia, ao irmos à biblioteca, encontramos textos de cordel em formato original, papel barato e capa em xilugravura. Fiquei realmente impressionada com o interesse dos alunos por esse gênero, em geral tão pouco trabalhado em nossas escolas.
Com relação a produção do cordel, exercitamos transformando contos em cordel, mas ainda não fizemos a produção que será feita em parceria com a professora de artes. Por hora, o prazer demonstrado pelos alunos na leitura desses textos já foi bastante compensador, enquanto professora de Língua Portuguesa e formadora de leitores.

Produção textual coletiva


domingo, 12 de julho de 2009

Relato do quarto encontro

O quarto encontro do curso Gestar ocorreu no dia 27 de junho. Inicialmente, foram agendados os próximos dois encontros e, em seguida, realizou-se a dinâmica a partir do livro Zoom, que é um texto não-verbal. Tal atividade permitiu que refletíssemos a respeito da diversidade de enfoques possíveis no trabalho com o texto, bem como sobre a possibilidade de trabalharmos com as sequencias narrativas a partir de textos extraverbais.
A seguir a professora-formadora Daiana passou uma série de slides sobre sequencias tipológicas, sintetizando alguns conceitos que estão diluidos no TP 4, o que foi muito positivo, visto que possibilitou uma revisão do que foi lido no decorrer das semanas anteriores. A atividade seguinte foi de produção textual coletiva. Cada equipe produziu um texto, utilizando, predominantemente, uma determinada sequencia narrativa, como mostra o exemplo abaixo, produzido pelo meu grupo.
"Aquele dia amanheceu ensoloarado, amenizando o frio do rigoroso inverno europeu. John e Mary despertaram muito cedo, ao cantar maravilhoso de uma galo da fazenda. Mais do que depressa levantaram-se e trocaram seus pijamas pelas roupas quentinhas que haviam sido deixadas, cuidadosamente, ao pé da cama. Deixaram o aconchego da casa e lançaram-se ao pátio gelado da fazenda, rumo ao celeiro. Pela janela, que já se encontrava aberta, as duas crianças avistaram, acomodadas sobre um banquinho de madeira, um magnífico galo, que equilibrava-se sobre uma velha cerca. Ele era enorme e majestoso. Suas penas coloridas brilhavam à luz do sol nascente, sua crista era de um vermelho exuberante e parecia saber que estava sendo observado, pois exibia-se perante as crianças, com seu olhar de excelência. As crianças, encantadas com sua beleza, permaneceram ali ainda por algum tempo, esquecidas de qualquer outra brincadeira."
Neste texto, procuramos dar ênfase à sequencia descritiva que, na verdade, está diluída à sequencia narrativa, o que é bastante comum. Esta atividade foi muito interessante, pois praticamos uma atividade que é essencial no ensino de Língua Portuguesa; a escrita. Esta é, contudo, uma tarefa que, em geral, é solicitada aos alunos, mas que os professores praticam muito pouco. Porém, da mesma forma que não podemos formar leitores, sem termos prazer pela leitura, não é possível formar bons escritores, se não somos, nós mesmos, escritores competentes.
Neste sentido, pode-se dizer que o curso Gestar propõe uma verdadeira reconfiguração na prática de ensino, pois sugere que o professor repense sua prática pedagógica, assim como sua relação com os conteúdos e habilidades que pretende desenvolver em seus alunos.
Cabe, então, questionar se, como educadora, possuo as competências que exijo de meus alunos. Essa atitude pode nos tornar mais solidários e compreensivos em relação às dificuldades enfrentadas por eles, diariamente.